A confirmação do demorado acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) apenas conseguiu desinflar o dólar blue, que saltou $ 22 na semana passada, após a bateria de medidas cambiais anunciadas pelo governo na última segunda-feira.
Analistas avaliam que, embora a notícia seja fundamental para o ministro da Economia argentina evitar a volatilidade típica do período eleitoral sem grandes choques, ela não é suficiente para dissipar a tensão cambial.
Depois de o Fundo Monetário e o Governo terem confirmado ao meio-dia de sexta-feira que após longas semanas de negociações se chegou a um novo "staff level agreement", que teria que ser revisado nas próximas semanas, as ações e os títulos responderam com melhora, apesar do dólar paralelo se manter quase estável: o blue fechou em $ 551, enquanto os dólares financeiros mantiveram a tendência de alta.
A última etapa até as Prévias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso) pode adicionar algum tempero à frente cambial nas próximas semanas. Analistas afirmam que, embora "o acordo possa ser entendido como o último passo do plano de 'chegar' às eleições sem grandes ajustes, depois que o plano 'soja e sorte' do governo esbarrou na seca, na valorização do câmbio e no choque mundial nos preços dos combustíveis", não descartam novos episódios de volatilidade.
A "desvalorização parcial" realizada por Sergio Massa na última semana acrescenta um novo piso às expectativas cambiais. Com a alta dos últimos cinco dias, o dólar paralelo ainda ficou atrás do chamado "dólar Qatar", que se situava em US$ 569. Além disso, deixou o câmbio no atacado em um lugar meramente "testemunhal", já que nenhum setor da economia pode acessá-lo.
Consultores detalham que "mesmo quando se conhece o acordo com os quadros, o resultado das primárias pode condicionar o futuro ao câmbio, que já se afigura cada vez mais evidente a nível não competitivo. Daí a necessidade de compensar com a proposta de desvalorização fiscal, referendada pelo FMI".
A busca por cobertura dos poupadores com vistas ao PASO pode continuar nas últimas semanas, com o mercado atento à evolução das reservas do Banco Central. Embora na última semana o órgão tenha conseguido comprar US$ 732 milhões com a reemissão do dólar agrícola, as reservas líquidas podem apresentar nova queda com o depósito planejado de yuans para pagar vencimentos de dívidas com o Fundo.
Dessa forma, haveria uma nova bifurcação entre a realidade apresentada pela frente cambial e a do mercado financeiro. Mantida a tendência das últimas rodadas, as ações e títulos estão próximos de fechar julho positivamente. Embora o Merval tenha se afastado de suas altas recentes, a bolsa de Buenos Aires acumula alta de 7,4% no sétimo mês do ano; enquanto a dívida em dólares apresentou aumentos de até 5,5% neste mês.
O resultado das primárias pode condicionar a melhora dos trunfos argentinos, principalmente se houver um "empate técnico" entre o partido governista e a oposição. O economista Fernando Marull alertou: "Não esperamos grandes choques na véspera das PASO, mas pode haver alguma aversão ao risco (cobertura do dólar; ativos baixos). Existem riscos; na segunda-feira pós PASO o mercado cairia se Massa consegue um empate técnico, mas vemos isso como pouco provável".
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